E chega uma hora que cansa. Cansa dar atenção a quem não merece, a quem não retribui, a quem não reconhece. Cansa se preocupar com quem não se importa como você está. Cansa gostar de alguém que não entende, que não quer. E você acha que precisa se reinventar.
Você começa a reler sua história; refazer seus caminhos; podar as amizades, os pensamentos, as palavras, as atitudes. Começa a rever valores, amores. Começa a questionar comportamentos, decisões, conceitos. E aí, você começa a ver que passamos a vida querendo ser amados e, muitas vezes, esquecemos de nos amar. Abandonamos a nós mesmos para cuidar do outro, quando, na verdade, precisamos cuidar de nós em primeiro lugar. E isso não é egoísmo. Isso é amor-próprio, o amor mais importante e aquele que é essencial. É impossível amar e deixar-se ser amado se não há amor-próprio, em qualquer relação que seja.
O ruim de cansar é que você desacredita. Desacredita nas pessoas, nos sentimentos, em você. E é aí que você conclui que precisa se reinventar, mesmo sabendo que você está no caminho certo, só não está sendo reconhecido por isso. Querer fazer bem aos outros é uma virtude, não é se anular. Fazer as pessoas felizes é um dom que poucos têm. Atenção, carinho e bom-humor são características cada vez mais escassas no mundo fútil e de valores distorcidos em que vivemos. E por quê, então, mudar? Porque você deixa se contaminar. Vander Lee canta “Mas a vida anda louca, as pessoas andam tristes e meus amigos são amigos de ninguém”. Você tenta não se reinventar, mas se fecha, veste uma cortina de ferro até que se sinta seguro de novo. E aí, outro ciclo se inicia.