Insatisfação constante

O ser humano é mesmo um bicho esquisito. Seja homem ou mulher, nunca está satisfeito.

É o emprego que não é o bom o suficiente, não paga bem o suficiente, não o reconhece tanto quanto queria. É o salário que não é bom o suficiente. É a casa que não é grande o suficiente. É a família que não o compreende o suficiente. São os amigos que não interagem o suficiente. É o amor que não o completa o suficiente.

Ter um bom emprego não basta. Tem que ser o melhor, o que melhor paga, o que lhe dá mais status e reconhecimento.

Ter uma casa não basta. Tem que ser a melhor, mais espaçosa. Quanto mais itens de lazer melhor.

Ter um bom carro não basta. Tem que ser um lançamento. Quanto mais opcionais melhor.

Ter uma família não basta. Ela tem que apoiar em tudo, passar a mão por cima de tudo, fingir que não existem erros, nem defeitos, nem fracassos.

Ter bons amigos não basta. Eles têm que ser os melhores, o mais compreensíveis possível, o mais presentes possível.

E por último, mas não menos importante, ter um grande amor não basta. Ter um amor que o apoie; que lhe dê carinho, atenção, amor; que não lhe cobre nada, apenas sua presença; que não o controle, que lhe dê liberdade de escolha, de ir e vir; que queira mais do que tudo ter você do lado, mas, para isso, que respeite o seu espaço e sua individualidade; que queira ser realmente feliz ao seu lado e, mais ainda, queira fazê-lo feliz. Tudo isso não basta. Você, mais uma vez, sente uma insatisfação, e quer outras coisas, outros caminhos, uma liberdade inexplicável.

É o livre-arbítrio. Mas poderia chamar-se também insatisfação plena.